"Quero entender a natureza humana, entender outros níveis de consciência. Quero entender-me e fazer-me entender através do corpo."

O corpo é o instrumento do meu trabalho, esse que a alma transporta (ou vice-versa) e contém o pensamento, as emoções, as especificidades de cada um.

Quero entender a natureza humana, entender outros níveis de consciência. Quero entender-me e fazer-me entender através do corpo.

Debruço-me essencialmente sobre as mesmas temáticas e essas são o resultado das turbulências do que sinto e reflito sobre mim, sobre o que vejo, sobre as coisas. O amor e a problemática do encontro, sob o ponto de vista das possibilidades e impossibilidades da comunicação, são temas recorrentes nas minhas peças.

A minha carreira artística tem sido marcada pela viagem, e penso que é esse viajar continuado, repleto de encontros e trocas, que está na origem do meu trabalho.

Os espetáculos que realizo têm uma carga emotiva e teatral, e a pluridisciplinaridade é uma característica, cruzando várias linguagens, bem como metodologias, técnicas e lógicas de articulação de que me sirvo para potenciar um discurso essencialmente coreográfico.

Gosto de processos longos de trabalho, em que a reflexão, a pesquisa, a improvisação e a construção final do espetáculo possam ter tempo de desenvolvimento e maturação; parto com ideias predefinidas, mas é com os intérpretes e com os outros colaboradores artísticos que desenvolvo, transformo e consolido essas ideias.

A música marca profundamente todas as minhas criações. Ela tem um papel essencial, tem vida autónoma, e faz parte integrante da dramaturgia.

Ao longo da minha carreira, tenho tido a oportunidade, e efetuado essa escolha, de trabalhar com uma multiplicidade de alunos, intérpretes e colaboradores, de diferentes naturezas, quero com isto dizer diferentes corpos, culturas, meios sociais, idades, formações e áreas artísticas. Gosto da diferença, dos pormenores, da singularidade, há sempre uma troca de saberes.

Clara Andermatt

Fotografias de Inês D'Orey